A INOCÊNCIA DO PRAZER
(Cazuza/George Israel)
* Gravação original: Dulce Quental (1987)
** Regravada por Cazuza em 1989 para o disco “Burguesia”, mas excluída da seleção final do álbum
Já passou, fomos perdoados
Por todos os deuses do amor
Acabou, podemos ser claros
Como era antes, seja lá como for
Alguém tentou desesperadamente
Sentir algo decente
Sou feliz, pois já fui julgada
Daqui pra frente, tudo é meu
Então fala baixo
Fala baixo e sente
Eu vou te dar um presente
Vento novo, flores e cores
Fim do verão tropical
Novos ares, novos amores
Tudo volta ao seu estado normal
Sou feliz e trago as provas
Nos meus olhos molhados
E vejo a vida tão diferente
Eu já posso entender
A inocência do prazer
Então fala baixo
Fala baixo e sente
Eu vou te dar um presente
A solidão vai ficar grudada
Nas coisas que você negar
Nesta tarde desanimada
Embalada em frontal
Telefone, hora marcada
Tudo é tão social
Quero alguém pra falar a verdade
E não pra me baixar o astral
Então fala baixo
Fala baixo e sente
Eu vou te dar um presente
BICHO HUMANO
(Frejat/Cazuza)
Dance
Eu quero que você me canse
Até o sol raiar
Canse
Eu quero ver você em transe
Me chamar, me chamar
Me gritar pedindo, deixando
Bicho humano uivando
Bicho humano uivando
Eu não te amo, não
Eu não te amo, não
Dance
Eu quero aproveitar a chance
E me acabar
Canse
Eu quero que você me alcance
Na hora H, na hora H
Me gritar pedindo, deixando
Bicho humano uivando
Bicho humano uivando
Eu não te amo
Não, eu não te amo, não
BILHETINHO AZUL
(Cazuza/Frejat)
Hoje eu acordei com sono
Sem vontade de acordar
O meu amor foi embora
E só deixou pra mim
Um bilhetinho todo azul
Com seus garranchos
Que dizia assim:
“Xuxu, vou me mandar
É, eu vou pra Bahia
Talvez volte qualquer dia
O certo é que eu tô vivendo
Tô tentando
Nosso amor foi um engano”
Hoje eu acordei com sono
Sem vontade de acordar
Como pode alguém ser tão demente
Porra-louca, inconsequente
E ainda amar?
Ver o amor
Como um abraço curto pra não sufocar?
Ver o amor
Feito um abraço curto pra não sufocar?
BILLY NEGÃO
(Guto Goffi/Maurício Barros/Cazuza)
Eu conheci um cara num bar lá do Leblon
Foi se apresentando: “Eu sou Billy Negão
A turma da Baixada sabe que eu sou durão
Eu só marco touca é com o coração”
“Bati uma carteira pra pagar o meu pivô
Sorri cheio de dentes pro meu amor
Ela nem ligou, foi me xingando de ladrão
Pega ladrão! Pega ladrão!”
Alguém passava perto e, sem querer, escutou
Correu no delegado e me dedurou
E logo a rua inteira caiu na minha esteira
Pois nessa D.P. eu tava a maior sujeira”
E nesse instante eu vi parar o camburão
E o Billy sartô fora com a minha grana na mão
Deixou na minha conta um conhaque de alcatrão
Pega ladrão! Pega ladrão!
Billy dançou, dançou, coitado
Billy dançou, é, foi baleado
Billy dançou, coitado
Billy dançou, foi enjaulado
Foi autuado, enquadrado, condenado
Um pobre coração rejeitado
CARENTE PROFISSIONAL
(Frejat/Cazuza)
Tudo azul
No céu desbotado
E a alma lavada
Sem ter onde secar
Eu corro
Eu berro
Nem dopante me dopa
A vida me endoida
Eu mereço um lugar ao sol
Mereço
Ganhar pra ser
Carente profissional
Se eu vou pra casa
Vai faltando um pedaço
Se eu fico, eu venço
Eu ganho pelo cansaço
Dois olhos verdes
Da cor da fumaça
E o veneno da raça
Eu mereço um lugar ao sol
Mereço
Ganhar pra ser
Carente profissional
Levando em frente
Um coração dependente
Viciado em amar errado
Crente
Que o que ele sente
É sagrado
E é tudo piada
Tudo piada!
Eu mereço um lugar ao sol
Mereço
Ganhar pra ser
Carente profissional
Carente profissional
CARNE DE PESCOÇO
(Frejat/Cazuza)
Andava tão calmo
Dava pra desconfiar
Levando a minha vida
Sem me preocupar
Você pintou
Eu tava quieto no meu canto
Curtiu com a minha cara
Foi me provocando
Pensando que eu fosse
Entrar no teu jogo
Brincar de apaixonar
O coração de um bobo
Depois tirar o corpo fora
Pra variar
Achando otário todo o cara
Que quer te amar
Baby, você marcou touca
Porque eu sou carne de pescoço
Você topou com um louco
Pra se livrar de mim
Vai ser fogo!
Vai ser fogo!
CERTO DIA NA CIDADE
(Guto Goffi/Maurício Barros/Cazuza)
Já nem sei quanto tempo faz
Ele foi como quem se distrai
Viu na cor de um som a cor que atrai
Foi num solo que não volta atrás
Tchau, mãezinha, fui beijar o céu
A vida não tem tamanho
Tchau, paizinho, eu vou levando fé
É tudo luz e sonho
É tudo luz e sonho
Eu vou viver, vou sentir tudo
Eu vou sofrer, eu vou amar demais
Ei, garoto, a força que me conduz
É leve e é pesada
É uma barra de ferro jogada no ar
Eu vou levando fé
Eu vou levando fé